Vai, Corinthians, esse é o caminho

Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press

O domingo paulista foi pintado de preto e branco, sobre o cinza da chuva braba.

Afinal, no Pacaembu, deu-se a maior goleada do campeonato que mal se inicia: 4 a 0 sobre o São Caetano.

E eu disse Pacaembu só pro amigo ter uma ideia do que significa esse torneio estadual para os clubes e o público.

O Azulão, por certo à espera de um público à altura da massa da Fiel, resolveu trocar seu campo pelo tradicional estádio da cidade, onde o Corinthians reinou anos a fio.

Ledo engano: pouco mais de sete mil gatos pingados se arriscaram a ver um jogo que todos sabem pouco ou nada vale na ordem das coisas atuais. Assim, o Azulão arca com um custo maior do que se tivesse jogado em casa, não auferiu o lucro pretendido e, além do mais, feriu a mais primária ética do futebol – abrir mão de seu mando de campo. Enfim…

Enfim, os corintianos que não foram ao Pacaembu perderam a chance de ver seu time se reabilitar da derrota pra Ponte, na estreia, com uma goleada justa e bem construída em cima de uma pequena mas vital mudança de Carille em relação ao time campeão do ano passado: em vez dos dois já tradicionais volantes e um meia, um volante (Gabriel) e dois meias (Rodriguinho e Jadson), ambos jogando por dentro.

Assim, o Timão ganhou leveza e senso de armação no seu meio de campo, permitindo-lhe praticar um jogo mais fluente e ofensivo. Tanto, que, logo no começo, Rodriguinho meteu uma bola no poste, e, depois que a luz se refez no estádio, Jadson abriu a contagem, em trama bem urdida por Rodriguinho e Kazim.

Mas, Kazim era um estorvo, como estamos cansados de saber, e, por isso mesmo, acabou sendo substituído por Jr. Dutra. Foi entrar e marcar, num lance insólito, em que Cássio cobrou impedimento rápido para a bola chegar ao novo centroavante na cara do goleiro adversário.

E, nem dez minutos depois, eis Dutra no centro da jogada que resultaria na goleada corintiana, com Romero disparando na cara do gol.

Se Carille pretende manter esse esquema de jogo, que não passa do proverbial 4-3-3 bem ajustado, como parece estar, vistas as substituições feitas em seguida (as entradas de Camacho, um meia, no lugar de Rodriguinho, e de Maicon, um volante, no de Gabriel) basta trocar definitivamente Kazim por Jr. Dutra e deixar a coisa rolar pra dar um salto além daquele já extraordinário das conquistas do Paulistão e do Brasileirão do ano passado.

Algo parecido acontece com o Palmeiras, que pouco antes, bateu o Botafogo, em Ribeirão, por 1 a 0, gol de Borja em esperta tabela com William, pontilhada pelo corta-luz maneiro de Dudu.

Basta Roger Machado fixar Keno nesse ataque, como manda o bom senso, seja na direita ou na esquerda, pois mais uma vez sua entrada em campo, no segundo tempo, tirou o Verdão daquele marasmo a que esteve submetido a maior parte do jogo.

Com Keno em campo, em poucos minutos, o Palmeiras poderia ter alcançado uma goleada igual à do Corinthians, creia.

Ah, sim, e quando Scarpa estiver nos trinques, esqueça esse anacronismo dos dois volantes, que sua hora é esta, meu caro Roger.

NA LINHA DO GOL

Entre um jogo e o outro, pude me deliciar com as travessuras geniais de Messi na goleada do Barça sobre o Betis por 5 a 0. E esse é um dos prodígios desse craque inigualável: juntar naquele mesmo pé esquerdo mágico  diversão e objetividade, dois elementos aparentemente excludentes mas que no futebol se transformma em pura arte. Suas séries de dribles recorrentes, jogo após jogo, seja lá atrás, tirando seu time do sufoco, seja na frente, rompendo defesas, formam um incrível painel de eficiência, enquanto, ao mesmo tempo, derrubam o espectador da cadeira de tanto rir. Messi não é apenas o melhor jogador dos últimos dez anos. É, arrisco dizer, o melhor de todos os tempos que vi jogar. (Pelé não conta, óbvio).

5 comentários

  1. Alberto,
    Texto bem comentado sobre o corinthians.
    Carille já possuia uma formação inicial desde o início lá nos EUA.
    Mas, como você bem alegou, infelizmente o Kazim não consegue impor seu futebol e não encaixa em esquema algum.
    Acredito que Carille vai ter mais paciência com o atacante e continuará insistindo nele até esgotar seus recursos.
    Enfim, esse corinthians do segundo tempo, principalmente, sem sombra de dúvidas será forte e agradável de ver.
    Forte abraço e saudações.

  2. Alberto Helena Jr.

    Vai Alberto vai sim que o pangaré itaquerense tem o apito do seu lado vide gol legítimo do São Caetano anulado visto que haviam jogadores do pangaré no centro da área dando condições e vai imprensa, vai Rede Esgoto de Televisão, tudo na lesma lertda…… Saudações palmeirenses.

  3. Tite se aproxima da hora H. A hora em que vai definir os 23 que irão à Russia. Não deverá haver grandes surpresas. Essa seleção é Casemiro, Willian e Fernandinho e mais 20. Pessoalmente, acho que ele perdeu o timming para fazer alguma mudança de impacto. O time poderia ser muito mais forte no sentido de ofensividade. O meio de campo é o seu calcanhar de Aquiles devido a sua pouca criatividade e mobilidade, em função dos poucos recursos técnicos de alguns dos seus jogadores. Tite deixará de fora muita gente boa que certamente o fará lamentar quando o time for desclassificado. Jogadores como Rafinha do Barça, Luan, Lucas Lima, Paquetá e Scarpa deveriam ter tido muito mais oportunidades. Tite preferiu apostar em jogadores que já estiveram lá e fracassaram como é o caso de Fernandinho e Willian.
    Tite pensa o futebol cartesianamente, pensa num futebol no qual os jogadores cumprem funções objetivas e pouco mutáveis dentro do campo e no decorrer do jogo. Ele traça seus esquemas que devem ser seguidos à risca, tudo treinado e determinado previamente como se o time adversário jogasse da mesma forma todos os jogos e não mudasse durante uma partida. Acho que o futebol não deveria ser pensado dessa forma. O esquema deveria ser muito mais flexível e definido em função do jogo do adversário mais também com variáveis ao longo da partida. Isso muda tudo. Para se encaixar um esquema flexível desses é necessário primeiro que o técnico consiga enxergar essas nuances do jogo, segundo que time tenha jogadores altamente técnicos e “inteligentes”que possam ocupar diferentes posições no gramado ao invés de ficar fixos nas suas, mudando o jogo rapidamente e assumindo novas funções. Como fazer isso com o nosso atual meio de campo? Como pedir por exemplo que Casemiro, Paulinho, Fernandinho e Willian possam fazer o papel de meias, de alas, de volantes e até atacantes indistintamente? Simplesmente não fazem por não saber fazer e porque nunca fizeram. É por isso que vamos cair fora mais cedo.

      1. Deixa eu te falar uma coisa. Não perco meu tempo vendo um jogo do Barcelona ou do Real Madrid assistindo ao narcisismo de Cristiano Ronaldo e outras figuras carimbadas. Aquilo ali é um Circ du Soleil eu prefiro mesmo o nosso futebolzinho ainda que comparável a um circo mambembe da periferia, onde há ainda jogadores que lutam pela sobrevivência são verdadeiros e jogam o nosso futebol. Podem ficar com seus Barças, Real, MC MU e o diabo que os carregue junto com seus bilhões.

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